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À sombra das estantes

17/08/2007 - VALOR ECONÔMICO

Eu & Fim de Semana

Olga de Mello

Matéria destaca os lançamentos e clássicos da bibliofilia.
Casa da Palavra publica importantes obras do gênero e se firma como uma das principais no mercado editorial

Na foto, a livraria Shakespeare and Company, em Paris: dois livros tratam da lendária livraria, ponto de encontro de escritores do início do século XX e abrigo recente para um jornalista canadense

Quando tenho algum dinheiro, compro livros; se me sobrar um pouco, compro roupas e comida. Assim o pensador holandês Erasmo de Roterdã (1455-1536) explicava seu amor pelos livros, produtos cujo consumo em larga escala foi iniciado durante sua infância, quando o alemão Johannes Guttemberg, por volta de 1545, criou a primeira prensa. Depois de popularizar-se ao longo dos séculos e enfrentar a era da informática, o livro firma-se cada vez mais como objeto de culto, alcançando o nível de tema literário de sucesso em países onde tradicionalmente a leitura é um luxo para poucos. Apenas no Brasil, quatro títulos estrangeiros freqüentam, simultaneamente, as listas de mais vendidos, seguindo bons desempenhos em outros mercados. Ao lado de dois romances a respeito de crianças que procuram - ou furtam - livros, relatos semijornalísticos sobre livreiros que hospedam escritores vêm conquistando os leitores brasileiros.

Desde seu lançamento há cinco meses, A Menina Que Roubava Livros (Intrínseca, 494 págs., R$ 39,90) vendeu 150 mil exemplares e aumentou em 500% o faturamento da editora, revela o presidente da Intrínseca, Jorge Oaquim, que vê no romance um clássico contemporâneo: Será igual a O Mundo de Sofia, um livro para jovens leitores que conquistou os adultos, diz. O público brasileiro também se entusiasmou com A Sombra do Vento, do espanhol Carlos Ruiz Zafón, (Suma de Letras, 399 págs., R$ 39,90), um fenômeno literário que permaneceu mais de cinco anos na lista de best-sellers na Espanha e vendeu mais de 6,5 milhões de cópias em todo o mundo, sendo 35 mil no Brasil.

Há 54 semanas O Livreiro de Cabul (Record, 316 págs., R$ 42), da jornalista norueguesa Âsne Seierstad permanece nas listas dos mais vendidos, que estão abrindo espaço também para Um Livro por Dia - Minha Temporada Parisiense na Shakespeare and Company (Casa da Palavra, 320 págs., R$ 39,90). Irritado com a abordagem de Âsne, a quem hospedou por três meses, sobre a rotina doméstica de sua família, Shah Muhammad Rais escreveu Eu Sou o Livreiro de Cabul (Bertrand, 96 págs., R$ 26,00), com outra versão sobre o modo de vida no país de maioria muçulmana, arrasado pela guerra.

Em Um Livro por Dia, o jornalista canadense Jeremy Mercer trata com humor a falta de higiene e a desorganização administrativa da Shakespeare and Company, onde viveu a convite do excêntrico livreiro George Whitman. Há cerca de 20 anos, outro livreiro, o britânico Frank Doer, foi imortalizado pela escritora americana Helene Hanff. Durante décadas, eles mantiveram uma intensa correspondência descrita no livro 84 Charing Cross Road, mais conhecido no Brasil depois do filme Nunca Te Vi, Sempre Te Amei, com Anne Bancroft e Anthony Hopkins.

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