Busca

Faça uma busca por editora ou palavra-chave para visualizar os artigos relacionados.

Carta que Fidel Castro escreveu para o livro de Niemeyer





Havana, 10 de outubro de 2007
Ano 49 da Revolução

Querido Niemeyer,

Tuas palavras em
O ser e a vida lembram-me Marti, quando escreveu El Ismaelillo para crianças e adolescentes. Tens meu pleno apoio em tua árdua batalha para estimular o hábito de ler. Dizes que, sem a leitura, o jovem sai da escola sem conhecer a vida.

Ler é uma couraça contra todo tipo de manipulação. Mobiliza as consciências, nosso principal instrumento de luta diante do poder devastador das armas modernas que o império possui; desenvolve a mente e fortalece a inteligência, do mesmo modo que caminhar fortalece os músculos das pernas; estimula o sentido crítico e é um antídoto contra os instintos egoístas do ser humano.

Nossa luta contra o analfabetismo foi apenas o ponto de partida para que não se perdesse nenhum talento e para que não existissem seres humanos excluídos da possibilidade conquistar por si mesmos a mais plena liberdade. Jamais dissemos ao povo cubano "creia", e sim "leia".
Sem cultura não há liberdade nem salvação possível. Como te escrevi antes, só uma consciência maior nos manterá firmes em nossa vontade de lutar pelas idéias mais justas e pela sobrevivência da espécie humana.

Muitas felicitações por teu aniversário. Que muitas pessoas, como tu, vivam e desfrutem mais de 100 anos.

Teu amigo,

Fidel Castro Ruz

.........


.........

.........

Publicada em: 02/12/2007
Fonte: Direto da Redação por Leila Cordeiro

DONA CANÔ E NIEMEYER
.
O cenário não podia ser mais apropriado para uma conversa entre dois seres humanos muito especiais. Um lago imenso de água transparente cercado de palmeiras com uma brisa suave embalando as palavras e pensamentos daquelas duas personalidades .

De um lado, o carioca Oscar Niemeyer, que revolucionou a arquitetura no Brasil e no mundo usando o concreto armado em suas construções sinuosas e estilo arrojado, marcas que o consagraram em projetos como a Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte, e a cidade de Brasilia, para citar alguns. Niemeyer teve apenas uma filha, mas a familia cresceu e hoje são cinco netos, treze bisnetos e quatro trinetos.

Do outro lado, a baiana Dona Canô, mãe de oito filhos, entre eles Caetano Veloso e Maria Bethania, mas bem antes dos dois ficarem famosos Dona Claudionor Vianna Tellles Velloso, já era ídolo em Santo Amaro da Purificação, pela sua sabedoria de vida e ajuda aos carentes, o que a levou ao altar do sincretismo religioso dos baianos que chegam a vê-la como uma santa.
Pois é, o que os dois têm em comum que os levaram a esse momento mágico da nossa imaginação? Exatamente, os dois estão completando um centenário de vida neste ano de 2007. Ela, um pouquinho mais velha do que ele, completou os cem anos em 15 de setembro. Ele, vai completar no próximo dia 15 de dezembro. Mas, pensando bem, o que são três meses de diferença no caminho de um centenário, não é verdade?

Dona Canô e Niemeyer começaram a conversa falando dessa busca incessante do ser humano pela longevidade.
Dona Canô - Oscar, o que você fez para chegar aos cem anos completamente lúcido e ativo, já que até foi convidado este ano para redesenhar o seu próprio projeto do Detran de São Paulo ?

Niemeyer
- Dona Canô, primeiro deixe-me cumprimentá-la pela chegada aos cem anos. Quanto a mim, que estou lá por dias, posso lhe dizer que essa lucidez e produtividade que a senhora vê em mim se devem ao amor por tudo que faço e por acreditar que sempre posso descobrir novas formas de fazê-lo, na busca pela modernização da beleza arquitetônica de estruturas de concreto, espalhando um estilo próprio mundo afora. E a senhora, como chegou até aqui?

Dona Canô
- Cheguei acreditando nas coisas simples da vida e tentando descomplicar o que pode parecer impossivel. Ultimamente tenho me deixado levar pela sabedoria dos filhos, aquela que eu mesma passei para eles. Mas, Oscar, dentre todos os seus projetos, que sei foram muitos no Brasil e no mundo, qual você considera o mais importante?
Niemeyer - Dona Canô, todos tem a mesma importância para mim porque foram concebidos num momento muito particular de inspiração, mas talvez pela grandiosidade e pelo peso histórico para o povo brasileiro eu responderia Brasilia. Mas sabe como me sinto hoje em relação a Brasilia? Como Santos Dumont sentiu-se em relação a sua invenção, quando na primeira guerra os aviões passaram a ser usados como armas de guerra.
Dona Canô - Entendo você, Oscar , Brasilia foi um sonho que levou você e Lúcio Costa, seu primeiro parceiro a sonharem com uma verdadeira cidade satélite, uma capital para um pais em desenvolvimento que traria muitas alegrias para o nosso povo.

Niemeyer - E a senhora Dona Canô, qual a sua maior realização?
Dona Canô – Sem nenhuma dúvida, meus oito filhos, dos menos aos mais famosos. Todos eles me mostram todo dia que fazê-los foi a grande realização desses meus cem anos de vida!

Essa é uma homenagem do Direto da Redação a esses dois incríveis brasileiros. São dois vitoriosos que nos orgulham e nos dão a certeza de uma vida bem vivida alimentada por uma fonte natural da juventude. Prova de que a educação acadêmica é apenas um detalhe a mais quando você já nasce vencedor.

Nenhum comentário: